quarta-feira, 23 de julho de 2008

Norte de Minas capacita técnicos contra doença de Chagas



A doença de Chagas, descrita por Carlos Chagas em 1909, atinge milhões de pessoas no Brasil, e embora seja difícil sua cura, ela pode ser prevenida. É exatamente buscando a prevenção da doença, que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), promove cursos de capacitação laboratorial em doença de Chagas, com o objetivo de preparar técnicos para a identificação de triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros, vetores da doença. No período de 21 a 25 de julho, uma equipe da Fiocruz formada pela pesquisadora Maria Angélica de Oliveira e pelo técnico em Entomologia, João Paulo dos Santos, orienta técnicos de 14 municípios da jurisdição da Gerência Regional de Saúde de Montes Claros (GRS-MOC) na identificação dos Triatomíneos e exame parasitológico do inseto. O curso acontece na Escola Técnica de Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), de 8 às 18h. Coordenado por Bernardino Vaz de Melo Azeredo, gerente estadual do Programa de Controle da doença de Chagas, o curso é realizado duas vezes ao ano, em todo o Estado. De acordo com o Bernardino Azeredo, em Minas Gerais não há registro de casos agudos e nem acontece a transmissão vetorial, mas existem milhares de pessoas que adquiriram a doença há mais de 20 anos. “Como a doença é transmitida pelo barbeiro infectado, o objetivo do curso é exatamente capacitar laboratoristas para classificar o vetor e mantê-lo longe do domicílio. Para isso, é necessário que o município mantenha um controle permanente”, explica o coordenador. Durante o curso, a pesquisadora Maria Angélica mostra aos técnicos as especificidades dos Triatomíneos e orienta que todos os insetos encontrados próximos ou dentro de casa devem ser analisados, e que seja feita a borrifação de inseticida no local. “Também trabalhamos noções de biologia, ecologia e manutenção de coleções”, completa. Bernardino Azeredo esclarece que o curso forma agentes multiplicadores para trabalhar no controle da doença de Chagas em seus municípios. “O laboratorista que participa do curso, além de se capacitar na identificação dos Triatomíneos, também está apto a orientar os agentes e técnicos de sua região. O curso é ministrado desde 2001 e os resultados têm sido muito positivos, contribuindo de forma significativa no combate ao inseto”, comemora. Controle O coordenador de Epidemiologia da GRS-MOC, João Geraldo de Rezende diz que o controle da doença de Chagas é feito, permanentemente, em todos os municípios do Estado através de técnicos e agentes de saúde. “Apesar da baixa incidência (não há registro de novos casos), a infestação ainda é alta e é preciso um controle permanente para manter o barbeiro longe dos domicílios. Como não é evitável, a SES faz um constante mapeamento em todos os municípios para combater os vetores da doença”, conclui. De acordo com João Rezende, não existe vacina contra a doença de Chagas, e a melhor maneira de enfrentá-la ainda se dá por meio da prevenção e do controle, combatendo sistematicamente os vetores, mediante o emprego de inseticidas eficazes, construção ou melhoria das habitações para evitar a proliferação dos barbeiros, uso de cortinados nas casas infestadas pelos vetores, controle e descarte do sangue contaminado pelo parasita e seus derivados. A doença A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário, e é transmitida de um hospedeiro a outro por insetos. No caso humano, é transmitido pelo barbeiro. O tripanossoma é transmitido no ato de alimentação do inseto. Assim que o barbeiro termina de se alimentar, ele defeca eliminando protozoários e colocando-os em contato com a ferida e a pele da vítima. A doença de Chagas também pode ser transmitida por transfusão sangüínea ou durante a gravidez, de mãe para filho.