sexta-feira, 11 de julho de 2008

Minas busca parcerias para erradicar rubéola


Naiara, de 13 anos, é portadora de surdez profunda devido à síndrome da rubéola congênita, adquirida quando a mãe, Carla Fernandes de Azevedo, estava grávida. Carla contraiu o vírus da rubéola durante as primeiras semanas de gestação. Alertada pelos médicos das conseqüências que a doença poderia trazer para a criança, chegou a pensar em abortar. “Graças a Deus não fiz isto. Hoje minha filha é um dos meus maiores bens. Quando ela nasceu pensamos que não tinha nada, mas com o tempo e com exames percebemos a surdez. Desde cedo Naiara aprendeu a lidar com a deficiência e tem uma vida normal. Estuda, brinca e é muito amada”, comentou a mãe. Para impedir que histórias como esta se repitam em Minas Gerais e erradicar, de uma vez por todas, a rubéola no Estado, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES/MG) promoveu nesta quinta-feira (10) um encontro com diversos setores da sociedade. O objetivo foi mobilizar a população, órgãos governamentais e iniciativa privada para se unirem na vacinação contra rubéola, única forma de prevenir a doença. Na reunião foi discutido como cada um pode colaborar com a campanha e traçadas algumas metas de atuação. Segundo Tânia Brant, coordenadora estadual de imunização, a rubéola é uma doença virótica altamente contagiosa, que geralmente é benigna. Mas se contraída durante a gravidez pode causar uma série de complicações ao feto, como retardo do crescimento, anacefalia (cérebro pequeno), surdez, cegueira e deficiência motora. “A baixa morbidade é usada como desculpa pelas pessoas para justificar a não vacinação. Porém, sabemos que a doença tem aumentado, principalmente entre os homens, que podem transmiti-las às grávidas e causar vários problemas aos fetos”, alertou. Para o superintendente de Epidemiologia da SES, Aníbal Arantes Júnior, o envolvimento da sociedade civil é de fundamental importância para ajudar a erradicar a doença. “Mobilizar a sociedade e assim, envolver locais de grande movimentação pública, como shopping, escolas, bem como trazer para junto de nós parceiros como dirigentes de associações é a melhor maneira de atingir a população e garantir um futuro saudável para toda criança”, ponderou. Luiz Felipe Caram, subsecretário de Vigilância em Saúde, também acredita que, para erradicar de vez a rubéola entre os brasileiros, é preciso a ajuda de todos. “Minas Gerais tem o grande desafio de vacinar mais de 9,6 milhões de pessoas. Para conseguirmos cumprir esta tarefa precisamos de firmar parcerias”, avaliou. A campanha A campanha terá início em 9 de agosto e término em 12 de setembro em todo país, terá duração de cinco semanas e será dividida em três etapas. Até o dia 30 de agosto serão estabelecidos pontos de vacinação fixos e móveis, com o objetivo de imunizar locais de trabalho, de estudo, com alta concentração de pessoas e atingir população em trânsito. As mulheres que estiverem grávidas no período da campanha receberão a dose após o parto. As duas semanas finais serão marcadas pela última chamada à população e busca ativa dos não vacinados. Trata-se de uma estratégia para interromper a circulação do vírus, e de impacto para alcançar a meta de eliminação da rubéola em 2010, em acordo estabelecido com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) para as Américas em 2003. A SES já vem tomando uma série de medidas para imunizar os 9,6 milhões de pessoas que devem tomar a vacina. Uma delas, iniciada na semana passada, foi a vacinação contra rubéola para doadores de sangue. A decisão de antecipar a vacinação para doadores de sangue visa não comprometer a oferta no banco de sangue aos pacientes durante o período de vacinação em massa da população. Isso acontece porque ao doar sangue, a pessoa deve esperar três meses para uma nova doação. Uma equipe da Gerência Regional de Saúde da RMBH permanece no Hemocentro de Belo Horizonte de segunda a sexta-feira, de 7h às 21 h e aos sábados, de 7h às 18h, para realizar a vacinação após a doação de sangue. Essa é a maior campanha mundial para erradicação da doença, e pretende vacinar no Brasil cerca de 68 milhões de pessoas. Informar e educar para prevenir Durante o encontro, técnicos da SES apresentaram as peças publicitárias que, durante a campanha, serão utilizadas para informar e convocar a população a se prevenir. Os folders serão distribuídos para a população e os spots divulgados nos rádios e carros de sons. José Carlos Collares, presidente da Associação Médica de Minas Gerais, acredita que a educação e a prevenção são fundamentais. “Hoje em dia a principal função da área de saúde é educar e prevenir, eliminando a possibilidade de manifestação da doença e não mais as ações curativas tradicionais. A Associação Médica reconhece como de fundamental importância participar e colaborar com a campanha, oferecendo referências médicas e técnicas, além da estrutura da Associação para ajudar a SES nessa luta”, afirmou. Assim, informação e educação são apontadas como ações importantes para prevenir e eliminar a doença em Minas. É o que também acredita o major do Corpo de Bombeiros, Ricardo Eugênio. “Acredito que a unidade pode colaborar de diversas formas com a campanha, principalmente com a divulgação de informação, pois possuímos uma boa estrutura para trabalhar com educação. Disponibilizaremos, se necessário, toda esta nossa estrutura para garantir que a população seja imunizada”, disse. Avelino Moreira de Araújo é presidente do sindicato dos taxistas e já tem idéia de como a associação poderá colaborar na vacinação contra a doença. “Podemos utilizar os rádio-táxis para divulgar a campanha junto a nossa classe. E também os pontos de táxi poderão exibir os cartazes da campanha. O intuito é cuidar do taxista e de sua família e, assim, amparar uma parcela importante da população, que inclusive tem contato com muita gente. E através do boca a boca, da conversa informal durante uma corrida, podemos transmitir o recado a mais gente”, concluiu.

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