quinta-feira, 19 de março de 2009

Profissionais da saúde se preparam para a classificação de risco

FOTOS JERUSIA ARRUDA
Diariamente, um grande número de doentes busca pelo serviço público de saúde. Devido à grande demanda e a diversidade de problemas, é absolutamente necessário estabelecer um método que possibilite a triagem desses pacientes, assegurando que sejam observados por ordem clínica e não por ordem de chegada.
Com o firme propósito de efetivar o atendimento através do Protocolo de Manchester, sistema de triagem nesses moldes, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vem preparando médicos e enfermeiros da rede estadual de saúde para trabalhar com a classificação de prioridades de urgência.
Durante toda a semana, de 16 a 20 de março, 212 profissionais de municípios da macrorregião Norte participam do curso de Qualificação em Prioridades de Urgência segundo o Protocolo de Triagem de Manchester, ministrado pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG), em Montes Claros.
O curso tem a proposta de capacitar os profissionais da rede assistencial de saúde para a abordagem rápida e adequada junto aos usuários que procuram as unidades que queixam de situações de "urgência", além de problematizar as situações vivenciadas mediante o atendimento das urgências nas Unidades Básicas de Saúde.

Novo modelo
A referência médica em Urgências da GRS-MOC, Manoel Silvério Neto explica que para esse novo modelo de atendimento são necessárias algumas ferramentas para que o serviço possa funcionar forma sistematizada. “O modelo escolhido pela SES-MG foi o de rede, interligando todos os pontos de atendimento. Nesse modelo não há desníveis de hierarquia, ou seja, todos os pontos são importantes, e a comunicação é informatizada, criando uma linguagem comum e de fácil acesso”.
Segundo Manoel Silvério, capacitação de pessoal, reforma hospitalar, expansão da função do Complexo Regulador; regionalização do SAMU e Plano Diretor da Atenção Primária são algumas das ações que vão possibilitar a preparação do sistema para funcionar nesse novo modelo de atendimento.

O curso
O enfermeiro Marcelo de Oliveira, de Monte Azul, que ministra o curso há oito meses, diz que a novidade ainda causa uma certa angústia, pelo impacto que pode causar no usuário. “Ao iniciar o curso, o profissional, seja médico ou enfermeiro, demonstra uma clara insegurança quanto à aplicação da classificação, por medo de rejeição do usuário. Mas, ao final, depois de entender os benefícios da triagem, essa angústia é vencida e até se entusiasmam. O domínio maior virá com a prática e à medida que as pessoas forem se adaptando ao novo modelo”, avalia.
Dirceu de Queiroz Amaral, médico do SAMU em Montes Claros, diz que o usuário vai estranhar no início, “mas, com o tempo, a tendência é que haja uma aceitação, já que a classificação vai dinamizar o atendimento”.
Para Cecília Lucas Lopes, que trabalha no hospital de Taiobeiras, esse primeiro momento será complicado, por causa da restrição das pessoas. “É uma questão cultural. Uma mãe que chega ao pronto socorro com o filho chorando, quer que ele seja atendido imediatamente, ainda que não seja muito urgente. Então, vamos ter que fazer um trabalho de orientação, de preparação, para mudar essa cultura”, pondera.
Para o trabalho do profissional, Cecília diz que não vê nenhuma dificuldade, “já que a classificação vai melhorar muito o fluxo de atendimento”, completa.


Protocolo de Manchester
Trata-se de uma metodologia de trabalho implementada em Manchester (Inglaterra), em 1997, com aplicação em curso em vários outros países como Portugal, Suécia, Holanda e Espanha.
O objetivo do protocolo é estabelecer um tempo de espera pela atenção médica e não de estabelecer diagnóstico. O método consiste em identificar a queixa inicial, seguir o fluxograma de decisão e, por fim, estabelecer o tempo de espera, que varia de acordo com a gravidade.
A cor vermelha (Emergente) tem atendimento imediato; o Laranja (muito urgente) prevê atendimento em 10 minutos; o amarelo (urgente), 60 minutos; o verde (pouco urgente), 120 minutos e o azul (não urgente), 240 minutos.
A organização da rede possibilita encaminhar corretamente o paciente ao ponto de atenção certo, para a assistência mais eficaz e no menor tempo possível.Da Ascom

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