Repórter Jerusia Arruda
Apesar de ser tão aguardado pelo norte-mineiro, o período de chuvas também requer cuidados, já que o acúmulo de água favorece o surgimento de algumas doenças. Uma delas é a leptospirose. Somente nesse ano, já foram notificados 60 casos suspeitos em Minas Gerais, sendo 35 descartados e um confirmado. Outros 24 estão sendo analisados. No ano passado, 73 casos foram confirmados e desses, 10 vieram a óbito.
No Norte de Minas, nos municípios da jurisdição da Gerência Regional de Montes Claros, foram 11 casos notificados, sendo 8 em Montes Claros. Desse total, em Montes Claros, 3 estão em andamento, 3 foram descartados e 2 confirmados. Um caso foi notificado em São João da Ponte e outro em São João do Paraíso e estão sendo avaliados, e um em Jequitaí, que foi descartado.
A leptospirose é transmitida pelo contato da pele com cortes e mucosas com a urina dos animais transmissores: cães, bovinos, suínos, cavalos, cabras, o próprio homem e principalmente os ratos.
A urina dos animais contaminados com a leptospira pode estar presente nas enxurradas e na lama. O risco aumenta na limpeza das casas após alagamento, quando as pessoas podem entrar em contato com o material contaminado. Nesse momento, é fundamental o uso de luvas ou botas de borracha, ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés. Toda a água e lama remanescentes devem ser removidas.
Cuidados
A limpeza das paredes e do piso deve ser feita com solução de água sanitária (para 20 litros de água, quatro xícaras de café ou um copo de 200ml de água sanitária). A água contaminada não pode utilizada para beber, lavar a louça, ou para a preparação de alimentos. Caso o fornecimento de água esteja comprometido três diferentes fontes podem ser utilizadas: a água deve ser fervida durante 1 a 2 minutos depois “bata” a água passando de uma vasilha limpa para outra vasilha limpa; adicionar duas gotas de hipoclorito de sódio 2,5% para cada litro de água e aguarde 30 minutos antes de consumi-la; ou consumir água engarrafada (água mineral).
O armazenamento correto de alimentos e o cuidado com o lixo também são medidas que podem evitar o acesso e a presença de roedores, principal vetor da leptospirose. As residências e arredores devem ser mantidos limpos, livres de entulho, lixo e mato. Os buracos e frestas devem ser vedados. O apoio técnico nas medidas de desratização é fornecido pelas Secretarias Municipais de Saúde.
A limpeza das caixas d'água e o tratamento dos poços devem seguir as orientações dos agentes municipais de saúde. As Unidades Básicas de Saúde dos municípios que sofreram com as inundações devem ficar em alerta com ocorrência de casos suspeitos de leptospirose, bem como o seu tratamento precoce, evitando, assim o óbito.
A doença
A leptospirose possui tratamento, podendo se apresentar de forma leve a moderada, até a forma grave, com risco de evolução para o óbito. Os sintomas mais freqüentes são febre alta, dor de cabeça, náuseas, dores musculares, principalmente nas panturrilhas (batata da perna), podendo ou não ocorrer icterícia (coloração amarela em mucosa e pele). Assemelha-se com outras doenças infecciosas.
As pessoas que tiveram contato com as águas de enchente ou esgoto, devem procurar, imediatamente, ajuda médica. Na notificação do caso clínico com sintomatologia semelhante a outras febres hemorrágicas, sem informações epidemiológicas, o médico deverá notificar o caso suspeito.
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