quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vereadores acusam política rasteira

FOTOS XU MEDEIROS


Eduardo Brasil Repórter
Os vereadores Lipa Xavier – PCdoB e Fátima Pereira – PSDB, que não conseguiram se reeleger para mais um mandato na câmara municipal de Montes Claros, utilizaram a tribuna na sessão ordinária desta terça-feira, 7, para repudiarem campanha de difamação que teria sido movida contra eles ao longo do período eleitoral – e de forma mais implacável nos momentos que antecederam a abertura das urnas.
- Foi uma campanha difamatória feita através de e-mails e da panfletagem covarde e apócrifa, produzida nos subterrâneos da noite, concebida nas salas do vice-prefeito – disse Lipa Xavier, atribuindo ao gabinete de Sued Botelho – PT, a concepção do movimento que lhe teria impedido um desempenho melhor nas urnas – ele reuniu 977 votos.
- Eles (referindo-se ao grupo político do prefeito Athos Avelino – PPS) tomaram como alvo nestas eleições a minha candidatura, em especial, para miná-la, pré-julgando e, pior, pré-condenando – acrescentou, sugerindo que fora um movimento de retaliação pelo seu rompimento com a administração que ajudou a eleger, em 2004, e simultâneo ingresso na oposição no início desse ano com severas críticas ao executivo. Para retaliá-lo, os adversários aproveitaram o episódio que passou aos anais como dos pombos-correio, e do qual o vereador foi um dos envolvidos, para prejudicá-lo ainda mais diante da opinião pública.
De acordo com Lipa, que defende seu terceiro mandato no legislativo, a sua própria residência fora um dos alvos mais visados pelos difamadores.
- Ela amanhecia tomada pela panfletagem levada a cabo no silêncio das madrugadas, de forma covarde e rasteira.
FÁTIMA
Para Fátima Pereira, apesar de ter sido vítima da mesma campanha difamatória (que atingiu a outros sete vereadores, além de Lipa, acusados de manipularem notas fiscais frias dos Correios), ela não atribuiria a sua não-reeleição exclusivamente ao grupo acusado de protagonizá-la. Segundo s vereadora, a sua aprovação diante do eleitorado foi, apesar da perseguição política movida pelos adversários, significativa – 1.037 votos, número que poderia até garantir a sua reeleição não fosse reduzido diante do coeficiente eleitoral exigido pela legislação. Para ela, deixar de ser vereadora não é uma perda, apesar de limitar sua ação social.
- Não perdemos o que não temos. O mandato do vereador não pertence ao vereador, pertence ao povo.
Mas, a vereadora não esconde que a campanha denominada por Lipa Xavier como imoral foi uma das armas adversárias mais poderosas na perseguição que desencadearam para impedi-la de prosseguir o trabalho parlamentar e que mais a preocupou. Tanto que, ao lado de seus dois filhos, chegara a percorrer ruas da cidade, de madrugada, para colher os panfletos agressivos antes que a população acordasse e os lesse.
- Conseguimos apanhar vários deles, mas era uma ação inútil – disse, reconhecendo que a campanha já tinha seus tentáculos espalhados por todos os cantos da cidade.
PROFISSÃO
Fátima Pereira ressalta que deixará a câmara municipal de Montes Claros, em dezembro deste ano, exatamente como entrou, em 2000 – com a cabeça erguida.
- Não perco minha altivez e nem a minha missão primeira nessa vida que é de servir à educação, dom que Deus me deu e que jamais abandonarei. É a minha profissão de fé. Sou uma professora, uma educadora Estou, com muita honra, vereadora e nessa função cumpro minhas obrigações com toda a dignidade que ela exige.
Fátima Pereira também atribui ao que chamaria de manobras dentro do seu próprio partido outro fator que teria somado para enfraquecê-la nas disputas eleitorais desse ano.
- Quero prestar minhas homenagens a Pancho Silveira e a Rafael Contijo, lideranças que honram o partido e que não se deixaram manobrar.
Ela estendeu suas homenagens ao PMDB, aproveitando para encerrar seu pronunciamento com as palavras de um dos seus maiores líderes, Ulysses Guimarães, que dizia que na política mais difícil que subir é descer – descer sem se deixar abater pela desmoralização tentada pelos invejosos, para subir novamente com a mesma dignidade.
- Não são os homens que arrastam a bandeira das causas justas, mas a bandeira é que nos arrasta. E ela me arrasta, agora, da câmara para as ruas, onde está a alma do povo. E com esse povo construir uma cidade melhor, começando pela eleição do seu novo governo no dia 26 de outubro – encerrou a vereadora, a única a conseguir uma reeleição, em 2004, em toda a história do legislativo municipal.

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