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ADRIANA QUEIROZ
REPÓRTER
Ao enfrentar os desafios da profissão, o jovem médico David Queiroz Borges Muniz aprende a conhecer as pessoas e a valorizar a vida
Nosso entrevistado de hoje é o médico David Queir
oz Borges Muniz, filho de Raquel e Ruy Muniz. Formado pela UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, depois de um ano prestando serviço militar no Exército, como médico, na Amazônia, David se prepara para atuar como residente de clínica médica no Hospital Israel Pinheiro, em Belo
Horizonte.
Aos 24 anos, David é um menino de bom coração, carinhoso, atencioso, humilde, menino mesmo. Ama ler, vive pesquisando, gosta demais de ci
nema.
Com o espírito leve, típico dos jovens guerreiros, David fala à Gente & Ideias sobre os desafios da profissão que escolheu, os planos
para o futuro e dá dicas para aqueles que querem percorrer o caminho da Medicina.
G&I - Como foi sua formação até ingressar nafaculdade?
David - Concluí o ensino fundamental e médio no colégio Indyu. Cursei por 6 anos o curso de Inglês do Yázigi e por 3 anos o Curso de Português, Literatura e Redação da Professora Eva. Além disso, incentivado por meus pais, sempre gostei muito de ler.
Porque você escolheu a Medicina?
Pela desafiadora dificuldade do curso; pela possibilidade de atuar nas áreas de pesquisa, ensino e prática clínica; pelas minhas afinidades com as áreas básicas do conhecimento – biologia e química; além disso meusais também são médicos e, vivendo nesse meio, aprendi a admirar a profissão.
Como foi a experiência da faculdade?
Foi um grande aprendizado. A faculdade de medicinaonais. Nos dois primeiros anos, as atividades se concentravam no Instituto de Ciências Biológicas, onde as disciplinas eram semelhantes para todos os cursos da área de saúde. A partir do terceiro ano, o atendimento a pacientes para desenvolver a habilid pade clínica é o foco. Conheci grandes amigos e pessoas brilhantes, que, junto com o conhecimento adquirido, serão a bagagem que levarei comigo pro resto da vida.
O que foi mais desafiador no curso? da UFMG mantém no seu quadro de professores um grande número de excelentes profissio?
O contato com as pessoas no momento de suas vidas em que estão mais fragilizadas. Não há técnica para ensinar o aluno a se portar diante disso, uma vez que cada situação é diferente. Aprendi a tratar as pessoas como eu ou algum familiar na mesma condição gostaria de ser tratado. A empatia é algo que o médico deve desenvolver ao longo de sua carreira.
Há quanto tempo se formou e o que vem fazendo desde entã
Me formei em dezembro de 2009. Em janeiro fui convocado pelo exército para prestar o serviço militar obrigatório como médico e optei por servir na região amazônica, de onde retornei há uma semana.
Como foi a experiência vivida na Amazônia?
Foi muito edificante e, se pudesse voltar atrás, escolheria servir lá de novo. Morei por um ano na cidade de São Gabriel da Cachoeira, na região conhecida como cabeça do cachorro. A cidade se encontra na fronteira com a Colômbia e Venezuela. Cerca de 90% da população é composta de indígenas ou descendentes de indígenas. A maioria vive nas comunidades espalhadas à margem do Rio Negroonde ainda vivem da caça e pesca como seus ancestrais. A região vive outra realidade, com dificuldades que lhe são muito próprias. As distâncias são continentais e o acesso só se dá por via aérea ou fluvial. Há doenças endêmicas na região, como malária e filariose, que já foram praticamente erradicadas do restante do Brasil. Há muito s indígenas que se comunicam apenas na sua língua e era freqüente a necessidade de um tradutor durante o atendimento médico.
Dessa experiência, o que contribuiu para sua formação, como profissional e como ser humano?
Foi a primeira vez em que atuei sem a tutela de um professor. Com o apoio dos médicos mais experientes que estavam servindo comigo, rapidamente essa insegurança foi vencida. Por necessidade do serviço, atuei nas enfermarias de clínica médica e pediatria, auxiliei em procedimentos cirúrgicos e até dei entrevista na rádio da cidade para informar a população sobre a gripe suína. Também participei junto com os dentistas e farmacêuticos de missões de assistência a comunidades indígenas onde o acesso só se dava por meio de helicóptero.
Como havia poucos especialistas e o encaminhamento para um centro maior era complicado pela distância, era necessário pesquisar para poder dar solução aos problemas trazidos a mim pelos pacientes.
O contato com pessoas para quem falta aquilo de mais básico, mas que, mesmo assim, mantêm sua dignidade, foi uma grande lição de humildade. Passar um ano longe da família e sob privações me fez valorizar ainda mais aquilo que tenho.
Quais os planos para o futuro?
Nos próximos dois anos atuarei como residente de clínica médica no Hospital Israel Pinheiro, em Belo Horizonte. Após, planejo cursar a residência de Cancerologia Clínica. A partir daí, tentarei conciliar atividades de prática clínica, pesquisa e docência.
O que você diria para quem está começando a batalhapara p assar no vestibular?
A carreira de médico é árdua, mas recompensadora. Serão necessárias muitas horas de estudo para assimilar todas as disciplinas que cairão no vestibular. A resolução das provas antigas das instituições onde pretende prestar também é um excelente método para conhecer o estilo de cobrança de cada faculdade. Manter-se informado e redigir sobre temas polêmicos da atualidade também é fundamental.
“Meus pais também são médicos e, vivendo nesse meio, aprendi a admirar a profissão”
“Conheci grandes amigos e pessoas brilhantes, que
, junto com o conhecimento adquirido, serão a bagagem que levarei comigo pro resto da vida”
“A empatia é algo que o médico deve desenvolver ao longo de sua carreira”
“O contato com pessoas para quem falta aquilo de mais básico, mas que, mesmo assim, mantêm sua dignidade, foi uma grande lição de humildade”
“Passar um ano longe da família e sob privações me fez valorizar ainda mais aquilo que tenho”
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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