O excedente de milho no mercado nacional causa preocupação entre os produtores. Depois de uma safra atípica no ano passado, quando a saca do produto alcançou a marca dos R$ 30, o setor agora sente os efeitos de uma safra recorde e do excesso de oferta também no exterior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula que haja um excedente de 14 milhões de toneladas, o dobro da safra passada. Na última quarta-feira a queda do milho ultrapassou a barreira dos R$ 17 e foi comercializado a R$ 16,69 no Paraná. O Brasil nos últimos anos se cacifou a disputar as primeiras colocações entre os maiores exportadores de milho, com a possibilidade de desbancar a Argentina do segundo lugar, de acordo Margorete Demarchi, técnica do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab. Os Estados Unidos estão isolados no primeiro lugar, como produtor e exportador. Com uma produção recorde de 58,6 milhões de toneladas, o Brasil tinha a expectativa de exportar 10 milhões de toneladas. Porém, com uma grande produção mundial, nem mesmo a nova estimativa de 7,5 milhões da Conab pode se concretizar. Segundo Demarchi, de janeiro a setembro foram vendidas no mercado externo 3,85 milhões de toneladas. Acompanhando a tendência brasileira, o Paraná superou nesta safra o recorde da safra 2002/2003 (14,4 milhões) colhendo 15,4 milhões de toneladas."Isto apesar da quebra de 17% causada pela geada na safrinha", afirma Demarchi. O Paraná tem um excedente importante. O estado consome 8 milhões de toneladas ao ano, 6 milhões delas com alimentação animal. Segundo a técnica, o milho paranaense abastece outros estados, mas nesta safra está competindo com o produto de Mato Grosso, por exemplo, que colheu 7 milhões de toneladas mas não tem uma demanda correspondente. A conjuntura mundial e a boa produção interferiram decisivamente nos preços pagos ao produtor paranaense nesta safra. Na quarta-feira desta semana a saca foi comercializada a R$ 16,69, valor 20% menor que os R$ 20,79 pagos no dia 30 de outubro do ano passado. Segundo Demarchi,"passamos a barreira psicológica dos R$ 17,00 e isso preocupa os produtores". Para Nelson Kowalski, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Milho (Abimilho), a intervenção do governo pode ser a solução para o mercado. "O governo deveria fazer a recomposição dos estoques, o que deveria ocorrer também a nível mundial", opina. Kowalski afirma que a preocupação agora é com as futuras safras. "Acho que vai haver uma redução significativa da área, principalmente nas fronteiras agrícolas", prevê. Segundo ele, a safra de verão já está contratada, mas a safrinha de 2009 é uma incógnita. Para o representante da Abimilho, o bom desempenho do Brasil no exterior pode não se repetir. "A União Européia voltou a taxar o nosso produto", afirma. Ele demonstra preocupação também com a atual crise global. "Vivemos um momento de incerteza e a economia pode não responder adequadamente à crise", afirma. Segundo o Deral, a área de milho deve sofrer uma redução de 7% na safra de verão no Paraná, passando de 1,38 milhão de hectares para 1,29 milhão em 2009. Com um custo de produção maior, e somada a escassez de crédito, o milho acaba cedendo espaço para a soja. A área do milho também pode ser menor porque os produtores optam pela rotação de culturas.Fonte: Folha de Londrina
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário