terça-feira, 13 de julho de 2010

MORTO-VIVO NÃO É FILHO DA SUPOSTA MÃE

FOTOS XU MEDEIROS
RUBENS SANTANA
REPÓRTER

Otacília recebe exame e pede que autoridades competentes ajudem a resolver o problema de Tiago.

O exame de DNA realizado pelo laboratório Santa Clara em parceira com o jornal O NORTE com objetivo de tentar esclarecer a curiosa história de Tiago dos Anjos Moreira foi entregue a Dona Otacília dos
Anjos Moreira e a Tiago, que, supostamente, seriam mão e filho, na tarde de ontem. O caso finalmente teve um desfecho. Deu negativo o resultado e está provado que Dona Otacília não é mãe biológica de Tiago.
Consta na conclusão da investigação de vínculo genét
ico pelo DNA realizado pelo laboratório BioGenetics da cidade de Uberlândia que, nos locos D1S518, TPOX, D7S820, D10S1237, Penta_E e D21S11 analisados, os marcadores moleculares evidenciaram que os alelos maternos obrigatórios presentes em Tiago dos Anjos Moreira não são coincidentes com os alelos encontrados na suposta mãe biológica Otacília dos Anjos Moreira. Portanto, conclui-se
, diante da evidências (ausência dos alelos maternos da mãe no filho), que Otacíliados Anjos Moreira não é a mãe biológica de Tiago dos Anjos Moreira.
Decepção para Tiago, que continua sem saber quem são seus pais. Agora, a luta é para conseguir uma nova documentação, visto que ele vive com os documentos de uma pessoa que já morreu há mais de 22 anos.
Para Dona Otacília, com o resultado do exame, a aflição deu lugar a outras inquietações.
- Como ele vai fazer agora? Ele vive com os documentos do meu filho, que já morreu há mais de 22 anos. Alguém tem que fazer alguma coisa questiona.
Desde o mês de maio, quando O NORTE noticiou a confusa história do vivo que anda com os documentos de um morto, Tiago criou diversas expectativas quanto ao possível vínculo materno com Dona Otacília. Entre elas, a possibilidade de continuar vivendo com os documentos do filho de Dona Otacília.
O principal problema agora é viver com os documentos de um morto. Tiago quer resolver rapidamente a questão e que seja definida a manutenção do nome e documentos ou a provável troca dos documentos. O caso será en -caminhado à vara da família da comarca de Montes Claros.

AFLIÇÃO DE TIAGO
Dispostos a elucidar o caso e terminar com a aflição que Tiago tem vivido nos últimos meses, ambas as famílias firmaram um acordo e se comprometeram a descobrir onde está o erro.
- Alguém tem que ser penalizado. Eu acho que o erro partiu do hospital, mas vamos esperar que autoridades competentes investiguem o caso. Como uma pessoa sai do hospital com uma criança com o registro de uma que á morreu? - questiona Gentil José, pai adotivo de Tiago.
Para dona Otacília, é necessário que autoridades competentes apurem com urgência o caso.
- Mesmo sem ter condições, eu quero fazer urgente um exame de DNA para resolver esse problema. Ele é a principal vítima da histórija - afirma dona Otacília.
Tiago também, ansiosamente, olha para todos os presentes e afirma:
- Eu também quero fazer esse exame.
Para Tiago, o que se faz necessário é que, além de descobrir se ele é filho ou não, descubra também se a criança sepultada por dona Otacília era realmente o filho e quem é a mulher que o deu para que Gentil José o criasse.
Intermediando a conversa, Gentil José vai mais aléme observa:
- Precisamos que alguém interceda a nosso favor. A justiça tem que agir o mais rápido possível. Tiago não pode continuar vivendo assim – conclui.
O CASO
No dia 17 de fevereiro de 1988, Dona Otacília deu entrada no serviço de parto e, por volta das 19h30, o filho nasceu, porém, prematuro de oito meses. As enfermeiras afirmaram que a criança estava bem, mas precisava ficar no balão de oxigênio.
Devido ao estado de saúde debilitado por causa do parto, Laércio dos Anjos Moreira, um dos filhos de Dona Otacília, providenciou a ida de uma responsável pelo cartório de registro civil ao hospital municipal – nome do hospital Aroldo Tourinho naquela data - para registrar a criança. Contudo, ela não soube informar com quem ficou o registro e alguns dias depois teve alta, mas o filho continuou no balão de oxigênio.
Mesmo com as visitas diárias de Dona Otacília, o fi lho não apresentava melhoras e, 20 dias depois do nascimento, na tarde do dia 09 de marçode 1988, ela recebe a notícia de que Tiago havia falecido pela manhã. Tiago nasceu prematuro e prematuramente também morreu. Triste com a morte do filho, Dona Otacília e os filhos providenciaram um simples funeral e sepultaram a criança no cemitério Bonfim.
No final daquele ano, o fiscal Gentil José Alves Junior descobriu que uma mulher estava querendo dar uma criança para alguém, se não a mataria. A mulher estava com uma bolsa que continha roupas e um registro civil. Curioso, Gentil foi ver quem era a mulher e resolveu adotar a criança.
Com dúvidas quanto à adoção, Gentil José procurou o amigo juiz de paz Valdivino Pereira de Souza, seu Didi, como é conhecido, para esclarecer como era o procedimento para adoção. Seu Didi informou que a criança já era cidadã brasileira e que precisaria somente de um lar para crescer com dignidade. O juiz assinou um termo de responsabilidade e Gentil levou a criança.
Passados 22 anos, o pai adotivo de Tiago, ao tirar o documento de antecedentes criminais, novamente ficou curioso e resolveu descobrir quem eram os pais biológicos de Thiago. Como Gentil possui um irmão que trabalha na polícia civil, ele pediu ao funcionário que colocasse o nome do pai biológico no sistema para descobrir algum endereço. Porém, apareceram mais de 100 nomes idênticos. Ao colocar o nome da mãe biológica, apareceu um endereço no Bairro Maracanã, pois Dona Otacília havia tirado um documento recentemente. De posse do endereço, Gentil procurou os familiares de Thiago e descobriu que o filho havia morrido há mais de 22 anos.

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