terça-feira, 9 de junho de 2009

José Geraldo de Freitas Drummond: - Saúde é uma área frágil, mas não existe caos em Moc

FOTOS XU MEDEIROS
Samuel Nunes Repórter
Vários são os problemas apontados pela população, principalmente a mais carente, quanto à saúde pública em Montes Claros. Demora na marcação de consultas e cirurgias, falta de médicos nos postos de saúde e burocracia no atendimento na secretaria municipal e em postos de saúde.

Há críticas ainda pelo fato de o secretário de saúde, José Geraldo de Freitas Drummond, ser considerado um técnico e não ter vivência no meio político. Cobranças feitas principalmente por parte de alguns vereadores de Moc.

Estas e outras questões foram levadas por O NORTE, na tarde de ontem, segunda-feira, ao próprio secretário José Geraldo, e respondidas em entrevista ao repórter Samuel Nunes.

- Quais os problemas enfrentados pela secretaria de Saúde nesses seis primeiros meses de gestação?

- A saúde é a área mais frágil de qualquer setor, seja em nível municipal, estadual ou federal. Montes Claros é referência para uma população de quase 2 milhões de habitantes. No último ano, o município esteve à deriva de um planejamento quanto à estrutura e ao orçamento na área de saúde. Estamos com uma infra-estrutura sucateada; das unidades de saúde, a maior parte delas está com problema de infra-estrutura. Mais da metade da frota de veículos, ou seja, de 80 carros, 40 estão parados. Com o concurso público, vamos finalmente estabelecer o quadro de funcionários da secretaria: serão 800 vagas destinadas a esta pasta.

- Em relação à falta de médicos e medicamentos nos postos de saúde, qual tem sido o trabalho desenvolvido pela secretaria para pelo menos amenizar esta situação?

- Tivemos que fazer duas grandes licitações para compra de medicamentos, mais de 1 milhão de reais, e para compra de material médico hospitalar, mais 1 milhão de reais. Temos um problema de flutuação de profissionais de saúde, principalmente de médicos. O município oferece menos em salário a esses profissionais do que alguns municípios da região. Estamos, portanto, com um problema de contratação de médicos. Estamos tentando resolver o problema e já resolvemos uma boa parte: primeiro, não está faltando mais medicamentos nas unidades básicas de saúde, não faltam mais seringa e curativos. Com respeito aos médicos, estamos com um sistema de plantão de rodízio para que nenhuma unidade fique sem assistência médica.

- E quanto à dengue, qual é a situação no momento?

- Montes Claros não teve epidemia de dengue, tivemos casos de notificação de dengue que foram 200 até o mês de maio, quando no mesmo período do ano anterior o número atingiu a mais de 500 casos. Tivemos dois casos de dengue hemorrágica, coincidentemente pai e filho. Foram tratados, não morreram, Montes Claros foi protegida, graças a um grande mutirão que foi o dia D. Temos um problema de leshimaneose e calazar que nós vamos enfrentar e que não é somente um problema de Montes Claros.

- Vereadores têm criticado a secretaria municipal de Saúde, teve vereador até que pediu a cabeça do secretário. Como o senhor reage a essas críticas?

- Recebo com naturalidade. A finalidade da câmara municipal é exatamente a de transmitir e de ser sensível às reivindicações da população. Os vereadores estão mais próximos da população. Já recebi a comissão de saúde da câmara, João de Deus (PPS), Damázio (PTB) e Pastor Elair (PMDB). Eles vieram me dizer que estão prontos a colaborar. Quero manter uma relação com a câmara, principalmente a comissão de saúde, mais próxima possível. Os problemas vão continuar existindo, temos que matar um leão todos os dias. Tentar resolver um problema que aparece toda hora. Não vamos dar uma falsa ilusão à população de que os problemas serão resolvidos de uma hora para outra. Estamos reestruturando, e leva mais de seis para fazer isso. Estamos nos comprometendo tanto com a câmara como com a população a permanecer dispostos a enfrentar todos os problemas e solucioná-los.

- Por que tanta demora por parte da secretaria para a marcação de cirurgias e exames?

- Em Belo Horizonte, quando o prefeito assumiu, ele disse que construiria um hospital só para a realização de cirurgias que estavam acumuladas. Este é o panorama nacional, o que tem em Montes Claros de consultas e cirurgias especializadas represadas é também algo em torno de milhares. Estivemos duas vezes na secretaria estadual de Saúde, em reunião com o conselho estadual de secretários municipais de saúde, para resolver este problema. Tanto que eles estarão liberando recursos daqui a alguns dias talvez, para que nós realizemos um mutirão para desrepresar cirurgias e procedimentos que estão acumulados.

- O pessoal afirma que nem a secretária consegue falar com o secretário... As pessoas se dirigem aos postos de saúde e também há burocracia; não conseguem resolver um problema, por menor que seja. Por que isso acontece?

- Pegamos a secretaria há a cinco meses e estamos treinando o pessoal para atender, pois os que aqui estavam saíram... Isso leva tempo. Acredito que no final do primeiro semestre deva terminar isso. Agora, todos os gerentes das unidades de saúde foram treinados, insistimos por meio de uma reunião que aconteceu recentemente, que eles têm que dar solução para os problemas na qual determinada unidade se insere. Se houver algum problema que eles não têm como resolver, que encaminhem para a secretaria que nós resolveremos. Se o cidadão não for bem tratado, atendido adequadamente, aqui na própria secretaria tem uma ouvidoria. A reclamação chega ao secretário, se não, o cidadão pode marcar uma audiência com o secretário, faço questão de receber.
- Montes Claros vive um caos na saúde pública?

- De forma alguma. Caos estaria em Belém do Pará. Caos é quando tem aquela tragédia daquela quantidade de pessoas dentro de um determinado lugar e não tem solução imediata. Em Montes Claros, temos filas, atrasos e acúmulo de pessoas. Mas, caos não. Estamos implantando nos hospitais Aroldo Tourinho, no Dílson de Quadros Godinho, Hospital Universitário e Santa Casa, o programa de urgência e emergência, programa-piloto do governo do estado. Isso vai solucionar a maior parte dos problemas dos pacientes que se dirigem aos hospitais para procurar atendimento.



- Muitos analistas políticos questionam o fato de que a secretaria de Saúde deveria ter um secretário no meio político e não academicista e técnico como o senhor. Qual a sua opinião diante deste ponto de vista?
- Obviamente que a minha formação é acadêmica. Nunca fui político partidário. Agora, o que me consta é que o melhor secretário de Saúde que o estado teve é técnico e da área de economia. Refiro-me ao secretário Marcos Pestana, com seus assessores. Aqui, eu também tenho assessores, o diretor de atenção à saúde é o doutor Antônio Prates Caldeira, doutor em medicina pública. A diretora de vigilância à saúde é a professora Rosângela Chagas, professora universitária que convive com esta situação. Não precisa ser político para ter sensibilidade, precisa ter solução e esta é técnica. A política baseia-se na solução técnica para dar melhor via possível para a solução. Mas não podemos fazer da secretaria de Saúde um lugar para atender a questões menores. Talvez essa crítica, e temos que aceitar, seja de pessoas que não conhecem o trabalho que exercemos já há algum tempo.

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