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GISSELE NIZA
REPÓRTER
Filho de uma professora, pai comerciante, Marcos (nome fictício), de 11 anos, é viciado em crack há um ano. Em conversa co
m a reportagem em um beco do Centro de Moc, ele conta que, às vezes, quando vê a mãe chorando, pensa em largar a droga, mais sente uma vontade louca e vai para as ruas.
- Já comecei com o crack; na escola, meus colegas contavam que era a maior onda. Um dia, chegando em casa, vi meu pai batendo em minha mãe. Corri para a casa de meu colega que mora na favela, ele me deu um pega... Gostei. E toda vez que ficava com raiva ia para a casa desse colega. Fiquei um tempão usando sem minha mãe saber. Ela se preocupava mais com meu pai do que comigo. Até que comecei a roubar. Pegava o que achava na frente, e também usava em casa. Um dia ela achou o cachimbo. Meu pai queria me matar. Minha mãe sofre, chora. E por elatenho vontade de parar. Mas não consigo. Já roubei na rua até com faca. Uso a droga, fico bem com meus colegas, mas depois choro sozinho – relata a criança.
Situações de sofrimento como a de Marcos são constantes entre menores na cidade, e poderiam ser evitadas caso a família tivesse mais atenção as alterações de comportamento do menor.
O psiquitra Klênio Rocha, especialista no tratamento de dependentes químicos, afirmou a O NORTE que o primeiro passo para evitar uma tragédia familiar, ou seja, o envolvimento de um filho com as drogas é observar as alterações de comportamento.
- Não existe o uso da droga sem repercussão no comportamento da pessoa. Se os pais fossem mais atentos ao comportamento de seus filhos, muitas dessas tragédias seriam evitadas. Antigamente, há uns 30, 40 anos, a droga utilizada era a maconha, que era vista como relaxante e desinibidora. As pessoas usavam para se soltar, fazer amizades. Hoje, as drogas estão ficando cada dia mais potentes e o crack é devastador. Infelizmente, a realidade é que muitas de nossas crianças e adolescentes já começam com o crack, que é altamente viciante. Na segunda ou terceira vez que usa, a criança ou o adolescente já está viciado e, por seu efeito ser rápido, de 30 segundos a 1 minuto, a necessidade do uso contínuo muitas vezes é mais forte do que a vontade de não usar mais a droga. Os pais precisam ficar atentos quanto à frequência dos filhos na escola, as amizades, o horário de chegar em casa. E não aceitar desculpa de um adolescente de que bebeu demais; isto, na maioria das vezes, é para encobrir o uso da droga – afirma o psiquiatra.
SINAIS VITAIS DO USUÁRIO
Klênio Rocha dá algumas dicas sobre os sinais de que o menor/adolescente esteja usando drogas, como agitação excessiva, olhos vermelhos, noites de sono perdidas, fome em excesso ou escassa; e os motivos, que são vários, podendo variar segundo o indivíduo, sua personalidade, seu estado emocional etc.
- Desajuste familiar;
- Fuga de problemas;
- Busca de prazer;
- Pais alcoólicos ou drogados;
- Complexo de inferioridade;
- Ociosidade;
- Pais separados;
- Filhos adotados;
- Falta de religiosidade;
- Desinformação;
- Curiosidade;
- Desespero;
- Contestação, rebelião contra as autoridades;
- Prazer de violar ou desafiar as convenções sociais e familiares;
- Facilidade do uso;
- Falta de ambiente familiar;
- Falta de diálogo com os pais;
- Influência de amigos, namorado (a);
- Freqüência de maus ambientes;
- Enriquecimento rápido;
- Falta de orientação na escola;
- Estimulação e desinibição;
- Tendências psicopáticas;
- Distúrbios da personalidade.
quarta-feira, 10 de março de 2010
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