Samuel Nunes
Repórter
Com plenário lotado de lideranças comunitárias e desportistas, por 11 votos a favor e um contra, do vereador Claudim da (foto6) prefeitura (PPS), a câmara municipal aprovou em regime de urgência projeto de lei que autoriza o poder executivo a repassar recurso da ordem de R$ 900 mil ao time de vôlei de Montes Claros.
Único a votar contra o projeto, Claudim justifica seu voto por entender que este não é o momento de repassar o recurso.
- Não sou contra o esporte, até porque ele representa vida, saúde e lazer para todos nós. No entanto, este não é o momento de votar o repasse, pois temos muitos outros problemas para ser resolvidos e que requer urgência, como a falta de médicos e equipamentos nos postos de saúde. Com pessoas morrendo com dengue e calazar, a prioridade não deve ser o vôlei -, afirma o parlamentar.
O vereador Ildeu Maia (PP), porta-voz do prefeito na câmara, observa que a aprovação do projeto é relevante para toda a comunidade e que o investimento do municipio no time de vôlei representa reconhecimento internacional para Montes Claros.
A reportagem repercutiu com lideranças comunitárias a aprovação do repasse. O secretário da associação de moradores do bairro Vila Campos, Vandik Lopes de Souza, afirma que a câmara municipal não deveria ter votado o repasse. No entendimento do líder comunitário, a prioridade do prefeito deveria ser o asfaltamento de ruas na comunidade, algo prometido pela administração desde o inicio do ano passado.
- Todo dia 20 e 1º de cada mês há a promessa de asfalto, mas a poeira na seca e a lama no período chuvoso continuam. Até quando vamos continuar cobrando? A comunidade aguarda com ansiedade o início das obras. Quero dizer ao prefeito e aos vereadores que votaram no projeto que tem muitas outras coisas para se votar em regime de urgência e que são do interesse da população - diz.
A moradora do bairro Alto da Boa Vista, Maria Aparecida Ribeiro, tia de Daniela Ribeiro, 26, que morreu na última semana com suspeita de dengue hemorrágica, ainda indignada com a morte prematura da sobrinha, que deixou órfã um filha de apenas 6 anos, critica a aprovação do projeto, por entender que o municipio deveria atentar para os problemas que têm afligido a população, como, por exemplo, o atendimento no setor público de saúde.
- A manifestação que fizemos na câmara municipal é pacífica, para chamar a atenção para o atendimento no hospital Alpheu de Quadros, onde minha sobrinha foi atendida. Ela entrou andando normalmente pela manhã e já estava morta em menos de 24 horas. Dizem que o hospital Alpheu de Quadros é referência no atendimento a pacientes com dengue, mas falta infraestrutura para isso - reclama.
Maria Aparecida Ribeiro afirma que não é contra o vôlei e sim contra o momento da votação na câmara, quando os problemas da saúde deveriam ser a prioridade do município.
O presidente da associação de moradores do Bairro Jardim Primavera, Demivaldo Pereira dos Santos, que, diante da situação de abandono por parte do poder público, já havia decretado na semana passada estado de calamidade pública também se posicionou em relação à votação.
- Não sou contra o esporte nem o vôlei, mas entendo que deveria se votar este projeto em outro momento. Temos muitos problemas que poderiam ser também resolvidos com urgência. O PSF do bairro está fechado há mais de 40 dias sem que a secretaria municipal de Saúde tome qualquer providência. Com isto, os moradores têm que se dirigir ao posto de saúde teoricamente mais próximo da comunidade, localizado no Bairro Planalto - afirma.
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