quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FAMÍLIAS INVADEM TERRENO E AGUARDAM DECISÃO JUDICIAL

FOTOS XUMEDEIROS
Rubens Santana
Repórter
Moradores alegam que não existe dono do terreno e que, mais de 30 supostos proprietários já apareceram no local alegando que são os donos.

Aproximadamente 25 famílias há cerca de três meses invadiram um terreno localizado entre os Bairros Santo Antonio e Jardim Palmeiras e, após limparem o local que servia de depósito de entulhos e montarem barracas
de lona para se protegerem do sol e frio, diversos supostos proprietários começaram a aparecer querendo tomar o terreno. A r
eportagem compareceu ao local e ouviu diversos moradores que, indignados, pedem providências a autoridades competentes para legalização dos terrenos.
Os moradores alegam que, ao lado do terreno invadido, uma pessoa conhecida pelo nome de Sr. Arlindo, proprietário do hotel Santana, há alguns anos invadiu o terreno e, pouco a pouco foi construindo sua casa que hoje é um hotel.
Com medo de represálias e que alguém re tire os invasores através da força física, os moradores do local, ainda amedrontados com a presença da máquina fotográfica na mão do repórter aos poucos foram relatandoo que almejavam.
- Eu não tenho medo de ninguém. Pode colocar aí Eu me chamo Geraldo. Nós estamos querendo é a regularização desse terreno aqui que não tem dono. No ano passado o dono do hotel queria pegar tudo para ele e eu perguntei: senhor Arlindo, o senhor ta querendo pegar tudo pro senhor? Ele respondeu que não tinha dono e que não ia dar nada pra ele. Então eu resolvi juntar ess e pessoal aqui e nós resolvemos invadir por que não tem dono. E se não tem dono, agora vai pertencer a nós, afirma Geraldo. .
Enquanto Geraldo explicava o motivo da invasão, dona Dora Aparecida Santos, com uma picareta nas mãos furando o local onde vai ser o alicerce de um cômodo, para e diz: eu moro aqui no bairro há mais de 57 anos e nunca vi ninguém aparecer aqui para falar que é o proprietário do lote. Já tem um ano que nós limpamos aqui. Aqui era cheio de baratas, ratos, escorpiões e cobras. Agora que está limpinho vai aparecer o dono. Por que ele não apareceu quando isso aqui servia como deposito de entulho? questiona dona Rosa.
Segundo os moradores, a esposa do proprietário do hotel ao lado do terreno invadido que, de acordo com eles, também invadiu o local, ofereceu no início do mês um valor para eles venderem os lotes.
- A esposa do senhor Arlindo esteve aqui e queria comprar os lotes. Ela queria comprar por que ela sabe que isso aqui não tem dono, alega uma moradora.
Ainda segundo os moradores, depois de três meses, quando eles começaram a erguer as lonas, mais de 30 proprietários diferentes já compareceram ao local alegando que eram os donos do terreno.
- Já vieram mais de trinta pessoas aqui e falam que o terreno é deles. Eles sabem que agora pertence a nós. Já vieram aqui com procurações falsas, mas nós não somos bestas. O nosso advogado já deu instrução de como a gente tem que agir se eles aparecerem aqui.
Na ultima vez que um suposto dono compareceu ao local foi na quinta-feira, 26.
- Eles chegaram num caminhão de uma empresa. Era muitas pessoas e todas estavam uniformizadas. A polícia também apareceu e não deixou nada acontecer. Mas eles queriam derrubar tudo. Só Deus para ter dó da gente, observa dona Rosa.
Para que nada aconteça com os moradores/invasores, a solução paliativa encontrada por eles foi, no período da noite, dormir no local. Contudo, o sol já ressecou as lonas e as barracas estão quase todas rasgadas. Além de enfrentarem o sol, no período noturno eles são acometidos pelo frio da madrugada e, torcem para que nenhuma surpresa no frio da madrugada os pegue desprevenidos.
- Nós temos medo de que na madrugada eles venham aqui e derrubem tudo. Eu estou dormindo com meus três filhos aqui, afirma uma moradora.
Com a principal ideia de que eles estão certo e que não pretendem atrapalhar a vida de ninguém, os moradores pretendem fazer algo semelhante que o prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB) fez e que o tornou conhecido: um mutirão.
- Nós estamos fazendo um mutirão aqui. Uma família ajuda a outra. Nós precisamos é de material para construção. Mão de obra não precisa não. Um cômodo e um banheiro está bom para nós, alega Geraldo.
Apesar da vulnerabilidade em que os moradores se encontram no frio da madrugada, eles não desanimam e continuam a empreitada com o intuito de conseguirem levantar pelo menos um cômodo.
Eles alegam que ninguém da Secretária de ação social os procurou para formalizar alguma ajuda.
Dona Dora Aparecida alega que, provavelmente agora no período eleitoral ninguém vai procurar o pessoal no local, mas que, passada as eleições do mês de outubro, alguma coisa vai acontecer e, ela ansiosamente espera que seja algo de bom.

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